Portos de Portugal
Viagem ao Centro do Mundo

Porto de Viana do Castelo,
Alberga o maior estaleiro do País

Porto de Leixões
Referência na Região Norte do País

Porto de Aveiro
Uma solução Intermodal competitiva

Porto da Figueira da Foz
Promotor da Economia da Região Centro

Porto de Lisboa
Atlantic Meeting Point

Porto de Setúbal
Solução Ibérica na Região de Lisboa

Porto de Sines
Porta do Atlântico

Portos da Madeira
O Paraíso dos Cruzeiros

Portos dos Açores
A sua plataforma no Atlântico

Quem Somos

A APP – Associação dos Portos de Portugal é uma Associação sem fins lucrativos constituída em 1991, com o objectivo de ser o fórum de debate e troca de informações de matérias de interesse comum para os portos e para o transporte marítimo.

Pretende-se que a APP contribua para o desenvolvimento e modernização do Sistema Portuário Nacional, assumindo uma função que esteve subjacente à sua criação: constituir-se como um espaço privilegiado de reflexão e de decisão.



Newsletter

Clique aqui para se registar na newsletter.

Clique aqui para sair da newsletter.

Janela Única Logística



Notícias

ATÉ 30 DE JANEIRO, NO MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO

Tudo num barco

Na Sala de Exposições do Museu Marítimo de Ílhavo prossegue a exposição temporária "Tudo num Barco - Património Marítimo e Cultura Popular", um projecto expositivo apoiado na expressividade de um conjunto de modelos de embarcações e numa série de imagens da colecção do mítico Museu de Arte Popular.
Nesta exposição destaque para a Proa de moliceiro com respectiva decoração, em tamanho natural pertencente ao espólio inicial do Museu, adquirida pela Comissão Organizadora do Museu Regional de Ílhavo (constituída em 1925).

A peça foi executada em 1935, por José Luciano Garrido, de Salreu, e foi pintada por António Almeida (O Soeco), de Avanca. A bombordo da proa pode ler-se “BÃO INDO QUE EU CÁ BOU” e a estibordo “Mestre LUÇIANO GARRIDO Me Fes”. De salientar a decoração dos golfiões, com rosto do galã e namorada e a decoração com vaso e planta florida na base da bica.
 
O que leva um “homem do mar” a construir uma miniatura do barco onde fez uma boa parte da sua vida? E o que impele um artesão que ao mar nunca foi a construir modelos de barcos com um rigor de formas que, muitas vezes, excede a perícia do mestre ou do piloto, que do seu barco ainda retém as medidas, as formas e os medos?

O modelismo naval, ou a arte de miniaturizar embarcações - seja para fins aparentemente ingénuos ligados ao acto emotivo de invocar por imitação à escala, seja por intenção erudita destinada a legitimar um saber navalista com certeza mais próximo da engenharia do que da arte -, é uma expressão contundente da cultura marítima, hoje em notória expansão. Mais discutível, porém, será ver em toda e qualquer forma de modelismo naval uma expressão de “cultura popular”.

Tudo num Barco é um projecto expositivo através do qual se pretendem questionar estes e outros sentidos da cultura marítima; em especial as relações entre miniaturismo naval e cultura popular e, de certo modo, o próprio diálogo entre Natureza e Cultura.

A ideia de exposição que aqui se propõe participa de um projecto museológico atento à importância dos imaginários etnográficos na cultura do mar. Desse modo, o discurso de Tudo num Barco apoia-se na expressividade de um conjunto de modelos de embarcações (aparentemente puros) e numa série de imagens (visivelmente fabricadas) que remetem para a memória contextual desses mesmos objectos: a colecção do mítico Museu de Arte Popular, que o Estado Novo inventou para oficializar a sua concepção nacionalista, tradicionalista e reaccionária de “cultura popular”. Museu resultante da Exposição do Mundo Português, que em 1940 serviu ao regime para celebrar a fundação da nacionalidade, a restauração e o império, marcou de forma indelével e pejorativa o próprio imaginário de “cultura popular”.

Embora mais ruralista do que maritimista, o Museu de Arte Popular fixou a sua galeria de tipos étnicos de um “povo autêntico” que nunca existiu. Fê-lo por meio de uma narrativa ilustrada por artefactos “regionais”, animados por uma poética folclorista, ainda que encenada por artistas modernos. Nesta alegoria estética sobre a história de um povo-nação, o discurso oficial inscreveu referências várias a uma ideia pura e unívoca da cultura do mar que persiste em diversos territórios sociais.

O segmento de colecção que aqui se expõe e as imagens documentais que escolhemos para suturar os objectos permitirão concluir que a “cultura popular” sempre habitou as comunidades marítimas, mas jamais da forma unívoca que o estereótipo de nacionalização da cultura popular procurou fixar. Uma cultura marítima aberta e plural exige aos museus marítimos um questionar permanente dos significados do que tomamos como património.