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Quanto mundo coube dentro das naus que chegaram e partiram de Lisboa?
Traziam especiarias, sedas, porcelanas ou pedras preciosas, mas também servos da Coroa, religiosos, mercadores e gentes do Oriente e de África. No século XVI, Lisboa foi deixando de se surpreender com o mundo exótico que desembarcava das naus da carreira da Índia.
Príncipes de Ormuz, embaixadores persas, emissários de senhores feudais japoneses ou prisioneiros turcos viajaram a bordo dos grandes navios portugueses. A rota do Cabo, inaugurada por Vasco da Gama, foi durante mais de um século a principal via de ligação marítima entre o Ocidente e o Oriente. E Lisboa era o epicentro desse intenso movimento, como analisa neste artigo Rui Manuel Loureiro, historiador e investigador da NOVA FCSH.
Todos os anos, entre março e abril, as naus (por vezes, mais de uma dezena) largavam do Tejo com destino ao índico, enfrentando seis meses de viagem. Regressavam de Goa ou Cochim por alturas de dezembro, e levavam outros seis meses a avistar Lisboa.
Chegavam carregadas de valiosos produtos, incluindo artefactos encomendados a artesãos asiáticos por clientes europeus. Ocasionalmente, traziam também aves, símios, cavalos árabes e persas, grandes felinos e paquidermes. Ficaram célebres o elefante que em 1514 se enviou para Roma numa embaixada à corte papal, e o rinoceronte que no ano seguinte foi despachado da Índia para el-rei D. Manuel I.
Podendo transportar mais de mil toneladas de carga e levar a bordo quase mil pessoas, eram navios maiores e mais adequados àquela rota comercial do que as caravelas, que no século XV serviram as viagens portuguesas de exploração geográfica e revolucionaram a navegação oceânica. Sob o comando de capitães e pilotos quase sempre de origem portuguesa, era usual as naus integrarem asiáticos e africanos nas suas tripulações.
Rui Manuel Loureiro sublinha que foram frequentes os naufrágios de naus que retornavam da Índia, como sucedeu com a Nossa Senhora dos Mártires (em 1605, já perto de Lisboa) e a Nossa Senhora da Luz (em 1615, nos Açores). Tal como foram frequentes, sobretudo após a União Ibérica iniciada em 1580, os ataques e capturas de navios nacionais por parte de potências inimigas de Espanha, como a Inglaterra e a Holanda.
