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JOAQUIM MAGALHÃES DE CASTRO

Heróis do Mar

Estou a bordo do navio-escola Sagres rumo a Lisboa nesta fase final da sua viagem à volta do mundo, e hoje tenho uma bela história para vos contar - que no espaço de uma hora me deixou com pele de galinha várias vezes e veio reforçar a minha convicção quanto à cada vez mais urgente necessidade de afirmarmos a nossa portugalidade no mundo, sem qualquer tipo de complexos.

16 de Novembro, nove da manhã, uma hora antes da largada da Sagres do porto de Mormugão, Sul de Goa. Dezenas de embarcações de pesca engalanadas com balões, grinaldas de flores e bandeiras portuguesas, repletas de centenas de homens, mulheres e crianças, muitas delas envergando camisolas da selecção nacional, aproximaram-se dessa barca construída num estaleiro de Hamburgo em 1937 mas que a Cruz de Cristo faz nossa, e largaram a música, os panchões e a alegria que traziam com sentidos vivas a Portugal.

Essa manifestação espontânea apanhou de surpresa a tripulação que fazia os preparativos para a largada, concentrada na recolha das lonas de cobertura da ponte e do convés. Num repente, os marujos correram à amurada e corresponderam com acenos e fotografias a tão carinhosa manifestação de afecto.

Na companhia do comandante Pedro Proença Mendes, o recém-chegado cônsul de Portugal em Goa, António Sabido da Costa, também se mostrou atónito com a inesperada despedida dos homens do mar. "É impressionante!", exclamou. "E vê-se que é um sentimento genuíno." Concordei com o seu comentário, mas estava preparado para aquilo. Sabia que muitos goeses, impedidos de visitar a Sagres nos dois derradeiros dias da sua estada em Mormugão, sistematicamente barrados pelas forças policiais, tinham decidido agir por conta própria e fazer a ansiada visita, não por terra mas directamente por mar, numa pacifica abordagem a bombordo, primeiro, e depois a estibordo também.

E lá estava, à proa de uma das maiores traineiras, de garrafa de cerveja na mão e uma camisola vermelha com a palavra Portugal, Simon Pereira, presidente da Associação dos Pescadores de Mormugão, responsável pela colorida iniciativa. Atrás dele, uma banda a preceito interpretava marchas populares, enquanto a aparelhagem de uma embarcação ali próxima atirava cá para fora, em altos decibéis, versões goesas de conhecidos temas populares da nacional canção.

Esta manifestação traduzia bem o sentir dos goeses, que nunca deixaram de ser portugueses. Numa das faixas exibidas bem alto podia ler-se "Viva Portugal. Nós amamos o Portugal. Boa viagem Sagres". Noutra: "Adeus Sagres. Viva Portugal. Goans love you."

A presença dos pescadores em festa foi a bofetada de luva branca nos denominados freedomfighters, promotores das manifestações anti-portuguesas dos dias anteriores. Curiosamente, um dos seus mais proeminentes dirigentes marcou presença na recepção oficial que a Sagres ofereceu à comunidade local, marcada pela ausência previamente anunciada do Ministro de Estado de Goa que, intimidado pelos protestos dos fundamentalistas locais, inventou uma viagem de trabalho a Deli para não estar presente. Foi uma recepção com direito a fado com pronúncia local, vinho moscatel, cerveja Sagres (claro!), presunto, queijo dos Açores, bacalhau e até uns deliciosos pastéis de nata, confeccionados na cozinha da barca.

Nessa tarde, ao regressar do porto, após as últimas compras na cidade, fui abordado por goeses que me pediram que os ajudasse a entrar. Um senhor de provecta idade, acompanhado de filhos e netos, protestava: "Somos portugueses, mas eles não nos deixam visitar o nosso navio. Acha isto possível?". Outro homem, também com muitas vivências para contar, limitou-se a entregar-me uma carta para que a fizesse chegar ao comandante da Sagres, com os seus "grandes parabéns a todos navegadores" e, em particular, ao "ilustre capitão, senhor Proença Mendes, por ter navegado com coragem, exactamente como o grande navegador e inventor do caminho marítimo para a índia de então, o afamado Vasco da Gama", não hesitando em intitular todos os portugueses, com aquela dose de exagero que só uma distância de séculos explica, como "verdadeiros heróis do mar".

PÚBLICO/FUGAS – 04.12.2010
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