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Notícias
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Economia do mar depende de capital humano qualificado
Apesar da crise, a economia do mar foi resiliente e conseguiu resistir bem aos tempos mais turbulentos. E isso é visível pelo crescimento contínuo das exportações na fileira alimentar do mar, pelo número de turistas - que utilizam as nossas praias e viajam em transportes marítimos - e pela carga nos portos nacionais. As evidências que o LEME tem reportado ao longo dos seus oito anos de existência são claras no que se refere à grande resiliência da economia do mar como um todo. Ou seja, nos picos da crise a economia do mar aguentou-se e quando a crise abrandou a economia do mar cresceu. Neste contexto, a evolução geral da economia do mar é positiva , revela a 8.ª edição do estudo LEME - Barómetro PwC da Economia do Mar, apresentado há dias atrás em Lisboa.
Ainda assim, Miguel Marques, partner da consultora, acredita que o setor poderia estar ainda mais forte, uma vez que continua a enfrentar vários obstáculos. Daí defender que muitos dos desafios estão relacionados com a necessidade de redução da burocracia, a necessidade de consistência das medidas no médio e longo prazo e a necessidade de investimento e financiamento pacientes, ou seja, que tenham maturidades também de médio e longo prazo. Outro desafio considerado importante é o da necessidade de renovação das frotas da marinha de guerra e de comércio, assim como a da pesca.
Capital humano
Apesar dos recursos humanos associados a este setor terem melhorado nos últimos anos - mais de 160 mil em Portugal trabalham nas indústrias do mar, pesca, recreio e turismo - o barómetro continua a chamar a atenção para a necessidade de melhorar. E dá exemplos: em 2016, o número de pescadores e número de alunos colocados na 1.ª fase das candidaturas em cursos do ensino superior relacionados com o mar aumentou, mas em contrapartida o pessoal militar ao serviço da Marinha continuou a descer.
No entanto, o estudo da consultora aponta para a necessidade de dinamizar os diversos subsetores da economia do mar de forma a criar um impacto positivo no emprego, apostar na qualificação do capital humano de todos os subsetores para melhorar a eficiência e produtividade, assim como a capacidade inovadora do país.
Mas os desafios não ficam por aqui. É aconselhado também que o mar seja encarado como uma escola de talento e de competências base, como liderança, trabalho em equipa, flexibilidade, etc., aplicáveis a todos os setores da economia portuguesa. O ser humano apenas conhece uma pequena parte de todas as riquezas e potencialidades dos oceanos. Portugal deve investir no conhecimento e na investigação científica do mar Português , diz o documento. Um cenário que foi admitido pelos vários intervenientes que participaram na apresentação do estudo. Também o comandante Fernando Grego Dias, proprietário de dois navios, apontou para a falta de recursos humanos qualificados no setor.
Revolução industrial em marcha
Esta edição do LEME incluiu um inquérito a gestores de topo e personalidades da economia do mar. 90% dos inquiridos admite que a revolução digital terá um grande impacto no setor.
Os líderes das diferentes indústrias do mar, começam a ter a noção de que, se não abraçarem a revolução digital, aproveitando todos os seus benefícios e construindo bases sólidas de proteção contra ciberataques, a economia do mar será como uma embarcação à deriva num vendaval de transformações , revela ao SOL Miguel Marques.
Ainda assim, o partner da PwC admite que embora o interesse pelos temas da transformação digital tenha aumentado consideravelmente no seio da comunidade marítima portuguesa e as ações digitais no terreno tenham também iniciado caminho, o conhecimento dos riscos associados a ciberataques e sua mitigação é ainda incipiente .
Setor em crescimento
O Governo também já veio assumir a importância da economia do mar e assumiu que pretende duplicar o seu peso de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 5% até 2020. A pensar nessa meta, o Executivo anunciou 600 milhões de euros para financiar projetos na economia azul até ao final da legislatura. E dá exemplos. O Fundo Azul terá uma dotação de 54 milhões de euros e pretende apoiar o financiamento das atividades emergentes assim como apoiar o financiamento da inovação e do aumento da intensidade tecnológica ligada a este setor.
Já a partir do segundo semestre do ano vai ser lançado o programa EEA Grants com uma dotação de 44,5 milhões de euros para financiamento de novos projetos empresariais e de investigação científica inovadores e sustentáveis.
O Executivo disponibiliza o programa Operacional Mar 2020 destinado ao setor das pescas e aquacultura com uma verba de 500 milhões de euros. Em relação a este último programa, a ministra esclarece que já foram transferidos 52 milhões de euros para as empresas do setor, em especial para as empresas de transformação, congelados, conservas e aquicultura.
Ao mesmo tempo, o ministério do Mar prepara-se para alcançar níveis recorde nos portos. De acordo com Ana Paula Vitorino, o Porto de Lisboa deverá registar um crescimento de 8% nas escalas e uma subida de 18% no número de passageiros durante este ano.
Também o de Leixões deverá manter a trajetória de crescimento verificada no ano passado e irá registar uma subida de 19% de cruzeiros, crescendo de 84 para 100 cruzeiros e um aumento de 33% de passageiros (passando de quase 72 mil passageiros em 2016 para mais de 95 mil em 2017).
O novo ano que agora começa será mais um histórico para os portos nacionais , referiu a ministra durante a apresentação do LEME, elogiando ainda os resultados obtidos pelos portos comerciais no ano passado ao registar um movimento total de 95,8 milhões de toneladas, o que se traduziu num crescimento de 3% face a 2016. Um valor que, segundo a mesma, está de acordo com a nossa estimativa prevista na estratégia para aumento de competitividade da rede de portos comerciais do continente-horizonte 2026 .