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VIAJANDO PELA HISTÓRIA

O Mar e as Lágrimas

A Tragédia caminhou lado a lado com a Epopeia, enobrecendo o esforço das conquistas ultramarinas dos portugueses. A grandiosa expansão marítima de Portugal pelos quatro continentes teve um duro preço, quer em termos humanos, quer materiais e financeiros.

A capacidade de arrostar com o perigo e de enfrentar o sofrimento contribuiu decisivamente para nobilitar a gesta heróica dos Descobrimentos portugueses. Como dirá Fernando Pessoa sobre o mar salgado português: Deus ao mar o perigo e o abismo deu,/ Mas nele é que espelhou o céu.

A face dramática da epopeia

A grandiosa gesta das Descobertas portuguesas arrostava constantemente com o perigo e o com desconhecido. Navegando em lenho leve, perdido na imensidão do mar irado, misterioso e temível, o homem enfrentava a morte a cada instante. Isso mesmo sintetizou Camões, o grande pintor marítimo, que experimentou na pele as agruras da viagem para a Índia: No mar tanta tormenta e tanto dano,/ Tantas vezes a morte apercebida.

Já na partida, junto à areia da praia, o Velho do Restelo lançara um pressagiador grito de condenação da política expansionista. Dando voz aos mais cépticos, para ele, os descobrimentos eram uma aventura insensata, arriscada, de resultados duvidosos e até contrária à lei natural: Oh! maldito o primeiro que no mundo/ Nas ondas velas pôs em seco lenho!/ Dino da eterna pena do profundo/ Se é justa a justa lei que sigo e tenho!

Bramindo pela voz do gigante Adamastor — inesquecível prosopopeia do Medo e do Perigo que os lusos navegantes desafiaram e venceram —, o Mar nos advertira, em negras profecias, dos grandes perigos e das dolorosas perdas, pela ousadia de desbravarmos os desconhecidos oceanos. Os seus terríveis vaticínios não amedrontaram Vasco da Gama. Com estes episódios, mais admiravelmente Camões ressalta o justo prémio merecido pelo heróico esforço dos portugueses.

Como outras grandes realizações do espírito humano, também a epopeia lusa foi perpassada por muitos suspiros e gritos envoltos em muita quantidade de lágrimas, como disse F. Mendes Pinto. Numa arrojada e inesquecível metáfora, tendo presente a temível carreira da Índia, Diogo do Couto escreveria que se o Oceano, em vez de água, fosse antes uma estrada, estaria toda calçada de ossos dos Portugueses, perdidos em tão perigosa viagem.

Quantos poetas, sobretudo românticos, saudosistas ou místico-nacionalistas, glosaram a imagem de Camões como Poeta do Mar, salvando Os Lusíadas do naufrágio! Camões personifica o génio português do poeta-soldado, que lutou com a pena e com a espada pelo engrandecimento da Pátria. Que é a sua epopeia senão o poema do Mar? Mar espumando oitavas, alto e fundo!/ Lusíadas — poema feito de água! O mesmo poeta, Mário Beirão, fala no Mar de todas as lágrimas, tendo dedicado todo um livro ao tema. Intitulou-o Mar de Cristo, escrevendo: O mar da Praia Ocidental, entoando/ Lusíadas nas horas de negrume.

Perigos do Mar Salgado

Um fundo sentimento religioso sempre esteve presente na aventura ultramarina dos portugueses de quinhentos. É interessante salientar que, no contexto da devoção cristã, existiam sentidas preces, como a Oração a Nossa Senhora pelos Navegantes das Índias.

A partida das naus era precedida por cerimónias religiosas diante da Senhora de Belém (confissões, missa, procissão), na ermida do Restelo. Depois, a dolorosa despedida dos embarcados e dos que ficavam em terra era muitas vezes feita já perto da barra, no alto da capela da Senhora da Boa Viagem, dos frades arrábidos. Como nos lembram Camões, Gil Vicente ou João de Barros, desfraldadas as velas e iniciada a viagem, uns oravam e outros gritavam da margem: Boa Viagem!

Vários cronistas da época nos retratam os compreensíveis temores dos embarcados, mas sobretudo dos familiares, na hora da partida. Por notícias de outras viagens, sabiam que muitos não regressariam nunca mais. D. Jerónimo Osório evoca os olhos cheios de lágrimas dessas horas angustiantes da despedida. E João de Barros chama mesmo ao Restelo a praia de lágrimas.

O rifoneiro tradicional fixou os perigos do Mar em alguns ditados, como o conhecido Quem passa o Cabo Não, ou voltará ou não, aludindo com isso aos frequentes naufrágios e mortes. Lembrando as invocações dirigidas em dramáticos momentos pelos desesperados navegantes, rezava assim um provérbio quinhentista: Se queres aprender a orar, entra no mar.

O mistério e as tragédias associadas ao Mar manifestam-se, na cultura popular, em duas expressões homógrafas: mar salgado e mar sagrado. E uma conhecida quadra popular reza assim: Se fossem pedras as lágrimas,/ Que eu por ti tenho chorado,/ Já formavam um castelo/ No centro do mar salgado.

A imprevidência dos pilotos, os incêndios, os ataques de corsários e sobretudo as tormentas ocorridas na longa viagem da carreira da Índia, eram algumas das causas de trágicos sucessos. O mais célebre relato de naufrágios, profetizado pelo monstruoso Adamastor, ficou conhecido pelo nome do seu infeliz protagonista: Naufrágio de Sepúlveda.

Também o poeta Fernando Pessoa, ao compor os novos Lusíadas, dedicará ao tema o celebrado poema Mar Português. Com este poema que todos sabemos de cor, o poeta resgata o nosso sub-consciente colectivo, celebrando quer o heroísmo dos que pereceram, quer o sofrimento dos que ficaram em terra: Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal! / Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / Quantos filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó Mar!

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